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O PASTELEIRO
Episódio de “Aqui tarados” 1981, SP. Cor. 77 min. Direção: David Cardoso

O GAFANHOTO
Episódio de “Pornô” 1981, SP. Cor. 82 min. Direção: John Doo

SOLO DE VIOLINO
Episódio de “A noite das taras nº 2” 1983, SP. Cor. 82 min. Direção: Ody Fraga

A Dacar, companhia de David Cardoso, destacou-se pelo apuro técnico e apelo comercial de suas produções. Especializada em filmes divididos em episódios, foi responsável por três verdadeiros exercícios de horror escritos pelo prolífico Ody Fraga, que demonstra grande familiaridade com o gênero.

“O pasteleiro”, de Aqui, tarados!, é um surpreendente ensaio que penetra na intimidade de um assassino serial, tema pouco explorado em nossa filmografia. Dirigido por Cardoso, traz John Doo como o recatado pasteleiro que utiliza uma receita singular nos pastéis: a carne das prostitutas que leva para casa. Excepcional tecnicamente, é um autêntico splatter, com sequências de necrofilia, desmembramentos e canibalismo. Essas cenas extremas permanecem vigorosas também no contexto do “sangue e tripas” internacional. A construção do jogo de gato e rato entre pasteleiro e prostituta (interpretada por Alvamar Taddei) é primorosa, com diálogos afiados que preparam o espectador para o inevitável e sangrento clímax.

“O gafanhoto”, presente em Pornô, com direção de John Doo, é um conto de fadas de horror com trama requintada e narrativa onírica. A cega Diana (Zélia Diniz) mora numa mansão onde mantém Marcos (Arthur Roveder) como escravo sexual. Ela cria uma ponte entre seu universo de trevas e o mundo ao seu redor, controlando o amante através de espelhos. Mais do que substitutos dos seus olhos, eles são janelas de sua alma. Espalhados pela casa, os espelhos tornam a feiticeira Diana onisciente de todos os atos do prisioneiro. O encontro de Marcos com um gafanhoto, porém, faz desmoronar esse universo de forma trágica e violenta.

“Solo de violino”, dirigido por Ody Fraga para A noite das taras 2, retoma o tema do morticínio em série com maior aprofundamento na psique dos personagens e na intensidade dramática. Tem como base a difícil relação entre mãe dominadora (Wanda Kosmo) e filho submisso (Ênio Gonçalves). Ela não aceita que o rapaz siga a carreira de violinista, a mesma do falecido marido, tornando a vida dele um inferno do qual não consegue se libertar. Édipo mal resolvido, o filho perambula pela noite levando para a cama e assassinando compulsivamente prostitutas que remetem à sua mãe. Horror psicológico bem estruturado, fotografado em tons escuros que acentuam a densidade da trama.

Lúcio Reis



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