EVOLUÇÃO
(HOMENS VS. MÁQUINAS: A LUTA DO SÉCULO NO PLANETA DOS BOTÕES)

Ficção, 1979, 35 mm, cor, aprox. 8 min, curta-metragem

 

Um rapaz chama o elevador; outro aperta o mesmo botão e um terceiro faz a mesma coisa. Botões são pressionados de maneira frenética. Alguém aciona o dispositivo que detona a bomba atômica e o mundo explode. O homem retorna ao tempo das cavernas.

Para aproveitar a lei que obrigava os cinemas a exibirem curtas-metragens brasileiros como complementos de produções estrangeiras em cartaz, Mojica realizou em 1979 uma esperta releitura de clássicos do terror norte-americano como O planeta dos macacos (1968) e A profecia (1976).

Durante os oito minutos de duração do filme, o espectador tem a impressão de estar dominado pelas máquinas: pessoas se enfileiram para chamar o elevador, jovens dançam freneticamente ao som de uma jukebox, dedos ansiosos aper tam botões coloridos e, na rua, com o corpo subjugado pela tecnologia, homens e mulheres reproduzem no caminhar a automação típica de uma linha de produção de fábrica.

Uma montagem cada vez mais rápida e fragmentada, com re petição de imagens, desperta a sensação de uma velocidade sem freios, vertiginosa, cujo limite é atingido quando um dos botões aciona uma explosão atômica de escala mundial.

Se, até a destruição do mundo, podia ser percebida uma tentativa de Mojica em flertar com certo experimentalismo pouco comum em seus filmes, a devastação parece liberar a originalidade do cineasta. A hecatombe faz surgir o toque de Mojica. e, como na cena do inferno de gelo em Esta noite encarnarei no teu cadáver, flui a imaginação em torno dos clichês do terror.

Na seqüência final, a civilização se reduz a um grupo de selvagens que disputam um pedaço de carne e, por fome, se tornam canibais em volta de uma fogueira.

Reinaldo Cardenuto