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EDU CORAÇÃO DE OURO

1967, 35 mm, P&B, 85 min

 
 
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O dia-a-dia de um jovem carioca de classe média e do seu grupo de amigos. Edu, que reside em Ipanema, não tem compromisso com a vida. Passa os dias flanando pelas ruas atrás das mulheres e buscando aproveitar todos os instantes da forma mais prazerosa possível.

O carioca não é feliz, é alegre. Foi com essa idéia que escrevi o roteiro de Edu coração de ouro em 67. A história se chamava apenas Coração de ouro, título ao qual Domingos, durante as filmagens, acrescentou o Edu. Sem uma estrutura formal de princípio, meio e fim, o roteiro se dividia em duas partes, apresentadas pelos títulos e versinhos, que bem podiam lhe servir de sinopse: Um dia comum de Edu, onde vemos o herói andando rápido ou lento na direção que sopra o vento, e O dia da festa, onde o herói nega o amor e a morte sem nenhuma razão mais forte e a história chega a um final propício que bem podia ser o início.

Na primeira, Edu (Paulo José) acorda de ressaca, como todos os dias, e depois do café com a família, sai pela rua atrás da primeira mulher que cruza seu caminho. Seguem-se diversos encontros com diversas pessoas, até o solitário fim de noite, quando ao chegar em casa frustrado assedia a empregada em seu quarto. Na segunda, Edu resolve celebrar a vida e sai distribuindo convites para sua gigantesca festa. Em seu trajeto aleatório conhece Tatiana (Leila Diniz), com quem ele transa rapidamente e desaparece enquanto ela dorme. Por fim, realiza-se a festa (em torno do extinto chafariz da General Osório), onde se encontram os amigos, vizinhos, prostitutas, travestis, políticos, padres, mulheres amadas, homens nem tanto, a multidão enfim que todos os anos alegra a Banda de Ipanema e a alma dos cariocas.

 
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Centrada no personagem masculino, a história deixava pouco espaço para Leila. O que foi um erro lamentável, levando-se em conta que Edu coração de ouro sucedeu o surpreendente sucesso de Todas as mulheres do mundo, que a lançou como atriz na mesma parceria de Paulo José. Mas, apesar de não ter tido a repercussão esperada, o filme foi escolhido para representar o Brasil no Festival de Mar Del Plata.

 
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Naquela época a ditadura ainda não tinha mostrado sua face mais cruel e, acredite o leitor se puder, viver no Rio de Janeiro era um prazer. Edu coração de ouro foi um filme sem pretensões e hoje ele só é lembrado por par­ti­cipar da filmografia da Leila. Mas se ele con­tri­buir para não sepultarmos defi­ni­ti­va­mente uma lembrança feliz dessa cidade, fico satisfeito.

Eduardo Prado

Direção: Domingos de Oliveira

Roteiro: Domingos de Oliveira e Eduardo Prado

Direção de fotografia: Mário Carneiro e Dib Lutfi

Montagem: Alberto Salvá

Música: Joaquim Assis

Produção: Joaquim Assis e Domingos de Oliveira

Elenco: Paulo José, Leila Diniz, Amilton Fernandes, Luis B. Neto, Joana Fomm,
Maria Gladys, Norma Benguell, Ziembinsky, Yan Michalski, Mauro Madrugada, Carlos Alberto de Souza Barros, Hugo Bidet, Pepita Rodriguez, Betina Viany e Olga Savary

Companhia produtora: BJD Filmes