A cultura pop sempre foi muito cara ao diretor de O Bandido da Luz Vermelha. Aqui, Sganzerla lida com um de seus assuntos preferidos, o HQ, e faz um ensaio para seu próximo filme, A mulher de todos (1969). Neste segundo longa do diretor, o personagem Plirtz (Jô Soares) é um rico industrial dono do “império de história em quadrinhos”, e a linguagem lembra mesmo a dos comics, com os fades e os enquadramentos. Pensar nesse documentário, juntamente com Quadrinhos no Brasil (1969) — ambos realizados em colaboração com o expert em quadrinhos Álvaro de Moya —, como um mero ensaio para A mulher é reduzir o pensamento de Sganzerla. As informações de uma cultura nitidamente urbana são comentadas em linguagem precisa. Para retratar a história dos quadrinhos e sua evolução, Rogério escolhe o table top (o quadro a quadro do cinema, muito utilizado para animações). Digamos que o table top é o primo dos quadrinhos. Assim como HQ é o irmão caçula de A mulher de todos. Boom, splash, soc!!!

Vitor Angelo