Portal Brasileiro de Cinema  CAVEIRA MY FRIEND

CAVEIRA MY FRIEND

1970 . Alvaro Guimarães
Rio de Janeiro, 86 minutos, 16mm, p&b

 
 

Nos anos 60, o cinema brasileiro apresenta dois surtos significativos na Bahia: o chamado Ciclo Baiano de Cinema, entre 1959 e 1963, com filmes cuja temática social segue a linha do Cinema Novo (Barravento, de Glauber Rocha; A grande feira e Tocaia no asfalto, de Roberto Pires; O caipora, de Oscar Santana, entre outros); e o Underground (ou Udigrúdi) na segunda metade dos anos 60, quando surgem os longas Caveira my friend, de Alvaro Guimarães, e Meteorango Kid, o herói intergalático (1969), de André Luiz Oliveira, e o média Vôo interrompido (1969), de José Umberto, filme-poema dilacerador, que busca inspiração no cinema-poesia de Pasolini. Caveira my friend caracteriza-se pelo rompimento dos postulados cinemanovistas em favor de um cinema livre de amarras ideológicas, propondo a iconoclastia e o desbunde como formas de contestação. A proposta está explícita na estrutura narrativa, desarticulada dos cânones tradicionais do desenvolvimento do discurso fílmico. Uma extensão, no plano cinematográfico, do trabalho teatral de Alvaro Guimarães (a desmistificação do espetáculo em Uma obra do governo, de Dias Gomes, e a abertura para o “choque”), Caveira my friend tem uma tênue fábula (a ação dos assaltantes) que se estilhaça em planos contemplativos, nos quais a falta de perspectiva, o desânimo e a nonchalance parecem ser as forças motrizes que regem o dínamo estrutural da ação e da inação, sístole e diástole. A forma é, aqui, resultante (e reflexo) da ausência de conteúdo; em Caveira my friend o conteúdo é a forma.

André Setaro

Cia. produtora: Lauper Filmes

Produção: Joaquim Guimarães e Orlando Senna

Direção: Alvaro Guimarães

Roteiro: Léo Amorim, Ivan Leão, Alvaro Guimarães

Fotografia: Sérgio Maciel

Montagem: Glauco Mirko Laurelli

Elenco: Nonato Freire, Baby Consuelo, Sônia Dias, Manoel Costa, Nilda Spencer, Gessy Gesse, Maria da Conceição Senna