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A MULHER DO DESEJO / A CASA DAS SOMBRAS
1975, RJ. Cor. 81 min. Direção: Carlos Hugo Christensen

Um filme de forte acento gótico ambientado em Ouro Preto, Minas Gerais. Assim pode ser brevemente definido o belo filme de Carlos Hugo Christensen, protagonizado por José Mayer e Vera Fajardo. A estrutura do roteiro lembra a de várias narrativas góticas. Um casal herda uma casa, além da fortuna do tio do marido, com a condição de que devem viver na mansão. Aos poucos o marido passa a adquirir os traços da personalidade do parente morto, ao mesmo tempo em que descobre que sua mulher é idêntica a uma antiga paixão não correspondida do tio, que cometeu suicídio.

Além da figura de um sinistro mordomo, o filme ainda apresenta atmosferas sombrias que reforçam a presença sobrenatural do morto e a ação dessa força sobre a própria casa. O filme reporta-se à trama de Drácula, e também apresenta belas cenas de sexo, fotografadas com requinte, mostrando os amantes suspensos por seu desejo e a presença cada vez maior do espírito se apossando do corpo jovem do sobrinho, para poder consumar a paixão platônica da juventude, tragicamente interrompida.

José Mayer interpreta os dois papéis. A orquídea que parece eternamente bela e viva representa a força da obsessão do tio e a representação do amor eterno que rompe os limites da morte. Sem grandes efeitos, o filme consegue manter a atenção do espectador presa até o final, mesmo com a trama cada vez mais encapsulada dentro da velha e sombria casa.

A sequência em que o padre é violentamente agredido pelo possesso personagem de Mayer é de grande força. Com poucos personagens e um único cenário principal, o filme se mantém firme graças à direção precisa de Christensen e ao casal de protagonistas.

Um filme clássico, tanto do ponto de vista formal, quanto em sua leitura do universo gótico. A sequência na qual a casa parece criar vida é muito criativa e eficiente e reforça uma ameaçadora frase do sinistro mordomo, que diz que uma casa “aceita” ou não seus donos.

Marcelo Carrard



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