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VENENO
1952, SP. P&B. 76 min. Direção: Gianni Pons

Entre 1949 e 1954, a Companhia Cinematográfica Vera Cruz produziu dezoito longasmetragens, entre eles uma história “intensamente dramática” que apresentava três “novas aquisições”: a atriz Leonora Amar, “brasileira internacionalmente conhecida por sua atuação no cinema mexicano”; o fotógrafo Edgar Brasil (Edgar Hauschildt, 1902-1954), “o maior iluminador do cinema nacional, responsável pela fotografia do legendário Limite”; e o diretor Gianni Pons (Giovanni Claudio Pons, 1909-1975), “internacionalmente conhecido” por filmes feitos na França e na Itália.

Veneno conta a história de Hugo (Anselmo Duarte), funcionário de uma indústria de vidros apaixonado por sua esposa Gina (Leonora Amar). Ele começa a ter pesadelos nos quais se vê matando Gina e sendo interrogado por um implacável delegado de polícia (Ziembinski). Sonho e realidade se confundem depois que o casal recebe em casa o mesmo delegado do sonho de Hugo.

Certa noite, ao ir a um restaurante com os colegas, Hugo se impressiona com a incrível semelhança da bela cantora Diana (também vivida por Leonora Amar, mas dublada por outra atriz, Cleyde Yáconis) com sua esposa. Ao retornar para casa, Hugo envenena Gina e abandona o corpo num banco de praça junto com o frasco de veneno, simulando suicídio.

Hugo convida Diana para morar com ele, fingindo que se trata de sua esposa, mas se torna cada vez mais violento, fazendo com que ela perceba a trama e o denuncie. Ao fugir da polícia, Hugo é atraído, próximo da linha ferroviária, por braços fantasmagóricos que ele acredita serem de Gina, e morre atropelado pelo trem.

“Melodrama expressionista” (Afrânio Catani), “melodrama de suspense policial” (Luiz Felipe Miranda) ou “policial noir” (Hernani Heffner), Veneno flerta com o horror por meio de elementos característicos do gênero, principalmente de suas vertentes expressionista e gótica: alucinações e premonições; a figura sinistra do duplo; a violência mórbida (imaginada e praticada); e a narrativa de mistério que se avizinha, em certos momentos, do fantástico.

Da premiada fotografia noir/expressionista de Edgar Brasil à hitchcockiana trilha de Enrico Simonetti (que segundo Cintia Onofre acentua a atmosfera de suspense pela repetição e circularidade do leitmotiv), tudo colabora para que este drama policial se aproxime do universo do horror.

Rogério Ferraraz



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