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UM LOBISOMEM NA AMAZONIA

2005, RJ. Cor. 75 min. Direção: Ivan Cardoso

A dificuldade que o cinema brasileiro de hoje tem para absorver cineastas como Ivan Cardoso indica uma estrutura obsoleta. Após uma década de glória, Ivan foi tragado pelo buraco negro provocado pelo fim da Embrafilme, e penou até conseguir realizar Um lobisomem na Amazônia. Acabou caindo nas garras do produtor Diler Trindade

O filme diverte, mas não se compara aos outros títulos dirigidos e produzidos pelo cineasta. A saga de Um lobisomem na Amazônia começou quando Ivan Cardoso ganhou um raro exemplar de A Amazônia misteriosa (1926), obra obscura da literatura fantástica infanto-juvenil, de autoria do médico sanitarista brasileiro Gastão Cruls. A ideia era ter um ponto de partida para recriar o clima dos filmes de aventura na selva que a Universal rodou no Brasil nos anos 1950, como Curucu, beast of the Amazon (1956) e Love slaves of the amazons (1957), ambos dirigidos por Curt Siodmak. Até então, nem sombra do homem-lobo rondava o projeto, a não ser uma pequena coincidência. O alemão Curt Siodmak é também roteirista do clássico The wolf man (1941), e foi quem definiu o personagem – no filme interpretado por Lon Chaney Jr. – como nós o conhecemos hoje.

Na época, porém, Ivan só pensava na chance que teria de importar diretamente de Amazon women on the moon (1987), outro de seus filmes favoritos, as mulheres-guerreiras do título. Esta paródia em episódios, codirigida por John Landis e Joe Dante, atualiza para a grade de programação da TV a ideia de sessão de cinema que Ivan parodia nos super-8 da década de 1970. Discípulos de Roger Corman, tanto Landis quanto Dante fazem um cinema que tem parentesco com o de Ivan Cardoso. E, curiosamente, foram Dante, com The howling, e Landis, com An american werewolf in London, ambos de 1981, os responsáveis pelo revival do lobisomem nos anos 1980. Mas a criatura só entrou mesmo para a Amazônia de Ivan quando, num festival internacional de horror, o cineasta conheceu o veterano ator, produtor e diretor espanhol Jacinto Molina, mais conhecido como Paul Naschy.

Naschy encarnou “el hombre lobo” em mais de uma dezena de longas-metragens, e foi atraído pelas coincidências entre a história original de Cruls e o clássico A ilha do dr. Moreau, de H.G. Wells, cujo personagem principal sonhava interpretar. A sintonia entre Ivan e Naschy em Um lobisomem na Amazônia foi perfeita, e o ator bota o filme inteiro no bolso.

Por último, coincidência ou não, qual o primeiro filme de horror brasileiro realizado depois das fitas de Zé do Caixão dirigidas por Mojica? Nas minhas contas é O homem lobo (1971), de Raffaele Rossi, a primeira versão brasileira para o mito de Curt Siodmak…

Remier Lion



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