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O MUNDO ALEGRE DE HELÔ

1966, 35 mm, P&B, 110 min

 

No ambiente da alta burguesia paulistana, o jovem estudante de arquitetura Nando conhece Helô numa festa, eles começam a namorar. As intrigas de Freddy, um amigo que está interessado em Helô, e as decepções com o comportamento sexual da mãe levam Nando a ter ciúmes da namorada. Tudo se complica mais quando Helô descobre estar grávida.

No outono de 1966, quando Carlos Alberto de Souza Barros escolheu a mim e a Irene Estefânia para protagonizar O mundo alegre de Helô, achei que ganhara na loteria. A notícia da preparação desse filme – adaptação para cinema de Rua São Luiz, peça teatral de Abílio Pereira de Almeida – deixara toda a classe dos atores cariocas de orelhas em pé. Os estúdios da Atlântida prometiam uma produção de fazer Hollywood e Cinecittà morrerem de inveja, e a promessa foi cumprida. O Rio, na época, despontava como uma das capitais mundiais do cinema. Um ano antes, em 1965, acontecera um Festival Internacional de Cinema simplesmente histórico, do qual Cláudia Cardinale fora estrela absoluta.

Carlos Alberto Souza Barros, paulista simpático, bigodudo, refinado e pra lá de culto, escolhera a dedo um elenco para O mundo alegre de Helô, que reunia desde grandes damas do teatro, como Rosita Thomas Lopes e Márcia de Windsor, até a fina flor dos jovens atores cariocas. Do elenco participavam, entre outros, Renato Machado, Ary Koslov, Cláudio Marzo e... Leila Diniz.

Leila no início da sua carreira. Seu papel no filme era pequeno. Sua presença, no entanto, era grande, total. Ela era irrequieta e se movia sem parar, na conversa com todo mundo, do diretor ao mais humilde maquinista. Sempre com aquele sorriso misto de inocência e malícia que foi a sua marca registrada. Gostava de dizer palavrões, mas na sua boca qualquer nome feio virava quindim. Inútil dizer que a produção inteira se apaixonara por Leila. Eu inclusive, apesar de ser o mais tímido do plantel de potrinhos do elenco.

 
Divulgação

Como não se apaixonar por Leila? Num dia particularmente cansativo e difícil, resolvi dar uma de estrela e fui sentar emburrado num canto escondido no fundo do estúdio. Frustração. Ninguém tomou o menor conhecimento, salvo Leila. Ela foi se aproximando por trás, como quem não quer nada. Senti duas mãos que se puseram a passear macias por entre meus cabelos e sua voz que me perguntava: “Luizito, você tá dodói?” Me desmanchei como um gato e só consegui responder: “Leila, eu adoro cafuné”. E ela então me presenteou com um dos seus refrões preferidos: “Cafuné? Até de macaco!”

E ainda perguntam por que Leila Diniz foi o símbolo vivo dos anos dourados do Rio.

Luis Pellegrini

Direção: Carlos Alberto de Souza Barros

Roteiro: Nelson Rodrigues e Carlos Alberto de Souza Barros, a partir da peça teatral Rua São Luiz, 27, 8° andar de Abílio Pereira de Almeida

Direção de fotografia: Hélio Silva

Música: Rogério Duprat e Damiano Cozzella

Montagem: Waldemar Noya

Produção executiva: Fernando Ribeiro Rodrigues

Elenco: Irene Stefânia, Luis Pellegrini, Célia Biar, Márcia de Windsor, Fregolente, Jorge Dória, Leila Diniz, Cláudio Marzo, Renato Machado, Ary Coslov,
Ida Gomes e Jaqueline Laurence

Companhia produtora: Atlântida Cinematográfica, CASB Produções Cinematográficas e Fox Filmes