Cinebiografia da atriz Leila Diniz com destaque para as alegrias, aventuras, amores, declarações contundentes, a gravidez e o sucesso artístico no cinema, teatro e na televisão. Esta vida prodigiosa termina bruscamente com um acidente de avião na Índia, quando Leila Diniz voltava de um festival de cinema na Austrália.

Passados 15 anos da morte de minha amiga, o Brasil começava a respirar. Depois da pressão popular por eleições diretas, voltava a ser democrático. Observei à minha volta que o país, apesar de tudo, tinha mudado para melhor. As mudanças são sempre melhor. E era, principalmente, comportamental.

Uma nova mulher havia surgido. Do movimento feminista; mas principalmente uma mulher que, sem pedir licença – como diria Drummond – exercia a sua sexualidade livremente. Sem bandeiras políticas imediatistas; "sem requerimento" – como diria Drummond novamente. Aquela mulher militante de esquerda, viúva de Trotski e que, geralmente, não gozava, estava atrasada em relação àquela que já fazia análise;,pagava suas contas e escolhia seus parceiros. E eu reconheci que a minha amiga Leila tinha liderado, involuntariamente, apesar de toda sua seriedade, firmeza e conseqüência, uma verdadeira revolução comportamental.

A mulher brasileira democratizou a linguagem que antes era de uso exclusivo dos homens; a mulher brasileira – inaugurada por Leila de biquíni na praia de Ipanema, exibindo sua gravidez e felicidade com Janaina, e já com quase 9 meses – dessacralizou a imagem dessa mãe que esconde o fruto do seu amor.
E isso merecia um filme.

Luiz Carlos Lacerda