Portal Brasileiro de Cinema  AMOR, CARNAVAL E SONHOS

AMOR, CARNAVAL E SONHOS

1972, 35 mm, cor, 80 min

Na véspera do Carnaval Leila pede um milagre: arranjar um homem. Eis que acontece o milagre, na figura do malandro que entra pela janela e começa o carnaval. Seguem-se diferentes situações ficcionais tendo como pano de fundo o carnaval seja na rua – por exemplo, o desfile do bloco do Cacique de Ramos – seja no tradicional baile do Teatro Municipal.

 
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Quando conheci Leila no fim dos anos 50 e início dos 60, na General Osório, em Ipanema, ela atrás do seu namorado, na carona da moto dele, ela garotinha, já era linda demais, já anunciava a mulher que seria revolucão total na capital cultural do país – Ipanema. Ela, carioca da gema; Helena Inês, baiana; e Regina Rosemburgo, depois Simonsen, depois Lecléry, internacional, anun­ciavam embandeiradas "as garotas de Ipanema".

Mas Leila ainda tinha um pé em Copacabana, um pé no Jardim da Infância de Domingos de Oliveira, daí, começar com Todas as mulheres do mundo. Era apenas um começo.

 
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Lembro-me dela, por exemplo, de um festival em Berlim, quando esperávamos o elevador no hotel em que estávamos – a delegação brasileira estava. Ela me disse – era 68, Paris e a Europa, como o mundo, pegava fogo na revolução dos estudantes, a imaginação no poder – "não gostei de Capitu", e eu respondi, "não faz mal, eu também não gostei de Fome de amor".

Em 1971 eu ia filmar A casa assassinada e fui à casa de Leila, no Jardim de Alah, e convidei-a para fazer a protagonista genial do romance de Lucio Cardoso, Nina. E ela, da maneira como era, me respondeu, "Conheço o romance de Lucio, Nina é Norma Benguel". Justo, perfeito, lembrei-me de Lucio dizer que a mulher do porto das caixas devia ser Norma Benguel, e a mulher do porto Irma Alvarez, Norma Benguel é Nina. Logo, Norma Benguel esteve divina n’A casa assassinada, mas eu não esqueci a tesão de filmar Leila.

 
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No carnaval de 1972, tive a honra de filmar Leila Diniz, Leila vestida de pirata Rum Merino, amamentando Janaina. Enquanto Marco Bottino preparava a luz, eu ensaiava a fala dela com a imagem da santa.

Crítica de Glauber Rocha no seu livro A revolução do Cinema Novo: "Amor, carnaval e sonhos é o último filme de Leila, logo depois da filmagem ela partiu para a Índia e, morrendo de saudades de Janaina, voltou para o Brasil, quando o avião caiu. A seção de estréia de Amor, carnaval e sonhos, no cinema Pax, na Nossa Senhora da Paz, é sem dúvida um dos maiores momentos
de Ipanema".

Paulo César Saraceni

Direção: Paulo César Saraceni

Roteiro: Paulo César Saraceni

Direção de fotografia: Marco Botino

Montagem: Ricardo Miranda

Produção: Sérgio Saraceni, Paulo César Saraceni e Luiz Severiano Ribeiro Neto

Elenco: Arduíno Colasanti, Ana Maria Miranda, Leila Diniz, Hugo Carvana e Paulo César Saraceni

Companhia produtora: Planiscope e Atlântida Cinematográfica