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Apresentação

No último ano perdemos três dos maiores nomes do Cinema Marginal e, por que não dizer, do cinema brasileiro: Jairo Ferreira, Rogério Sganzerla e Sylvio Renoldi. Quem me deu a notícia, nas três ocasiões, foi Paulo Sacramento, e naqueles instantes, compartilhamos da mesma sensação: estávamos perdendo nossas melhores referências, temíamos pelo nosso futuro e pela falta de perspectiva. Minha intenção com o projeto Cinema Marginal e suas Fronteiras é dar continuidade à obra de Jairo, Rogério e Sylvio, assim como de tantos cineastas que participaram do movimento, realizando seus filmes qualquer preço e dando uma importante e criativa contribuição para o cinema nacional. Tanto o livro como a mostra propõem uma reflexão sobre a cinematografia brasileira dos anos 60 e 70, os anos de chumbo, em plena ditadura militar. Apresentam obras em sua maioria pouco assistidas e debatidas, principalmente pelas novas gerações; filmes produzidos por cineastas que encontraram no cinema experimental um caminho eficiente de realizá-los, despreocupados com as bem-comportadas fórmulas narrativas e estéticas. O grande público, habituado visualmente às imagens publicitárias e aos enredos amenos e pouco reflexivos, muitas vezes passou ao largo dessas produções nacionais que incomodavam olhos e ouvidos. A edição do livro-catálogo, resultou da pesquisa iniciada há mais de quatro anos por mim, Vera Haddad e Gustavo Ribeiro, amigos de sempre, e sinto-me um pouco mais tranqüilo e seguro, pois ofereço àquele público e a todas as outras pessoas que se interessam pelo cinema uma porta de entrada para um movimento realmente transformador, um movimento rico, embora feito com pouquíssimos recursos. Um dos mais importantes movimentos cinematográficos brasileiros. Agradeço sinceramente a todos que participaram de alguma forma da realização desta obra. Ao Centro Cultural Banco do Brasil, o meu especial agradecimento por ter apoiado um projeto tão árido.


“O experimental em nosso cinema é a musica da mente livre”, definiu com clareza Jairo Ferreira no livro Cinema de invenção, em que grande parte da mostra foi baseada.


Eugênio Puppo, maio de 2004.