LAVRA DOR

1968 . Paulo Rufino
São Paulo, 11 minutos, 35mm, p&b

 
 

Documentário ? Essa pergunta, que aparece repetidas vezes ao longo do curtametragem de Paulo Rufino, é a mesma que o espectador incauto pode se fazer no fim do filme. Sim, é um documentário! E, como tal, é filiado na melhor tradição documentarista, coloca-se no limite das questões que aborda — o trabalho rural, o camponês e a reforma agrária —, sem falar no questionamento do próprio gênero. Fragmentário e descontínuo, tanto nas imagens como no tratamento sonoro, os discursos se intercalam e se posicionam sobre essas questões de diversas maneiras. Dentro dessa multiplicidade de imagens, sons e idéias, Lavra dor proclama a necessidade de um novo espectador, que compreenda as operações realizadas pelo filme. Para isso, Rufino retira todo o romantismo ligado, ainda hoje, tanto à reforma agrária (os trabalhadores conscientes de seus direitos) como ao documentário (um filme focado na objetividade e que tem como função captar o real). Assim, Lavra dor cria uma nova forma de documentar, bem como uma nova maneira de olhar o documentário.

Vitor Angelo

Direção e roteiro:Paulo Rufino

Fotografia: Carlos Alberto Ebert

Textos poéticos: Mário Chamie

Vozes: Jofre Soares, Francisco Martins

Música: Ana Carolina