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Le grand escroc (O grande trapaceiro)

França, 1963, p/b, 35 mm, 25’



Uma repórter norte-americana está em Marrakech em busca de histórias verdadeiras e acaba presa durante uma compra, acusada de usar dinheiro falso. Durante um interrogatório, ela diz fazer documentários e é liberada. Em seguida, encontra um homem suspeito da trapaça e, ao tentar entrevistá-lo, perde suas certezas.

Verdade e falsidade são as faces sempre incompletas dessa moeda chamada cinema? O esquete de Godard em Os maiores vigaristas do mundo expõe essa duplicidade e coloca o artista na posição equívoca de grande trapaceiro que enuncia verdades.

O título do episódio reproduz o de O homem de confiança, último romance de Herman Melville, que na França recebeu o título de Le grand escroc, que aparece nas mãos da jornalista Patricia no primeiro plano do curta e ressurge em citações-fragmentos no diálogo com um poeta-vigarista. A repórter norte-americana, interpretada por Jean Seberg, pode ser (ou não) uma reaparição da personagem homônima que a atriz interpretara em Acossado (1959). Para manter a dúvida, ela traz agora o sobrenome Leacock, referência ao documentarista Richard Leacock, pioneiro do cinema-verdade.

Outra duplicidade logo irrompe na banda sonora, que alterna trechos de jazz suave e fragmentos de falas e músicas árabes, impondo uma descontinuidade auditiva aos deslocamentos da protagonista pelos labirintos de Marrakech.

A multiplicação de pistas estende-se à diegese, a partir da prisão da repórter por distribuir notas falsas, o que a leva a ser interrogada por um delegado, que acaba lhe demonstrando simpatia. O encontro permite, sobretudo, explicitar a incerteza que aproxima o trabalho do policial e o de quem realiza “filmes-verdade”: “Eu também estou em busca da verdade de outra maneira”, ele afirma. “Não a encontraremos nunca, nem você, nem eu.”

Finalmente, no encontro com o pensador-generoso-financiador que distribui as notas falsas, a ingênua crença baziniana de Patricia no cinema como revelação do real se contrapõe à ideia de roubo que subjaz ao ato de captar imagens. “Você também me rouba e passa isso adiante”, ele acusa. No texto final, a voz over de Godard cita Shakespeare: “O mundo inteiro é um palco; e todos os homens e mulheres não passam de meros atores; eles entram e saem de cena; e cada um no seu tempo representa diversos papéis”. Se tudo é fingimento, por que ainda procurar verdades?

Cássio Starling Carlos



Produção

Apoio

Correalização

Copatrocínio

Realização


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