Portal Brasileiro de Cinema / Godard APRESENTAÇÃO   ENSAIOS    FILMOGRAFIA COMENTADA    FILMOGRAFIA    FICHA TÉCNICA    PROGRAMAÇÃO    CONTATO

APRESENTAÇÃO


ENSAIOS


FILMOGRAFIA COMENTADA

Anos 1950

Anos 1960

Anos 1970

Anos 1980

Anos 1990

Anos 2000

Anos 2010


FILMOGRAFIA


SOBRE OS AUTORES


FICHA TÉCNICA


PROGRAMAÇÃO


COBERTURA DA IMPRENSA


CONTATO


Khan Khanne (sélection naturelle)

França / Suíça, 2014, video, cor & p/b, 9’



Na véspera da première mundial de Adieu au language, Jean-Luc Godard envia essa carta fílmica a Gilles Jacob e Thierry Fremaux, diretores do Festival de Cannes. Nela, retoma imagens de seus filmes, relembra dos diálogos entre o Festival de Cannes e maio de 1968 e reflete criticamente sobre a situação atual do cinema.

Cannes, maio de 2014. Há certo suspense na sala de imprensa. Faltam algumas horas para a estreia de Adieu au language e a pergunta permanece no ar: Godard virá? Dará entrevistas? Embora centrado nos bastidores – não apenas do Festival de Cannes, mas da sua história – esse contexto é essencial para abordar Kahn Kahnne. Mais do que um mero curta, a obra é uma carta fílmica, em movimento, endereçada a Gilles Jacob, “velho camarada” do diretor. Recluso, Godard diz que agora não vê sentido em ir a Cannes já que ele não toma mais parte no jogo da distribuição. Seu gesto revela-se como um antimanifesto, pois ao invés de uma interpelação provocativa à cena pública, o tom e as razões de Godard para filmar essa carta acenam para um afã de retirada. Não se trata de uma saída no feitio estético, mas na escolha de um modo de realização solitário, ciente de que o maior risco da solidão é “perder-se a si mesmo”.

Como um hacker vindo diretamente de maio de 1968, Godard copia e perverte a logomarca de Cannes logo no início da carta, inserindo o letreiro de “seleção natural”. Ele provoca. Seria essa a face contemporânea do Festival? Seguem fotos de Hannah Arendt, o rosto de Truffaut, suas reflexões na aposta da linguagem, que, como expresso em Adieu au language, teria hoje um sentido desbotado. Amargo, Godard filma-se enquanto repete que não tem mais “o coração na boca” e pede ao amigo Gilles que encontre os verdadeiros faux raccords nos seus próximos destinos. Curiosamente, 2014 também foi o último ano de Gilles na direção do festival e, assim, a força de Kahn Kahnne revela-se nesta elegia pré-anunciada, na percepção de que as inquietações de uma genuína cinefilia desmancham-se diante dos novos rumos do cinema. Pueril, resta apenas a imagem do cão Roxy, companheiro fiel do Godard quase ancião, que ao olhar para a câmera parece solicitar um afeto qualquer. Um estilo de afeto que já não rimaria mais com o atual glamour que paira pela Croisette.

Pablo Gonçalo



Produção

Apoio

Correalização

Copatrocínio

Realização


Sugestão de Hotel em São Paulo, VEJA AQUI. Agradecimentos ao Ibis Hotels.


É expressamente proibida a utilização comercial ou não das imagens aqui disponibilizadas sem a autorização dos detentores de direito de imagem, sob as penalidades da lei. Essas imagens são provenientes do livro-catálogo "Godard inteiro ou o mundo em pedaços" e tem como detentoras s seguintes produtoras/ distribuidoras/ instituições: La Cinémathèque Francaise, Films de la Pléiade, Gaumont, Imovision, Latinstock, Marithé + Francois Girbaud, Magnum, Peripheria, Scala e Tamasa. A organização da mostra lamenta profundamente se, apesar de nossos esforços, porventura houver omissões à listagem anterior.
Comprometemo-nos a repara tais incidentes.

© 2015 HECO PRODUÇÕES
Todos os direitos reservados.

pratza