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Scénario de Sauve qui peut (la vie) (Roteiro de Salve-se quem puder (a vida))

França, 1979, cor, vídeo, 20’



Desenvolvido como um roteiro em vídeo, o filme é na verdade um ensaio bastante livre sobre os desejos e ideias de Godard a respeito da realização de Salve-se quem puder (a vida) (1979), articulando comentários sobres os personagens do futuro filme com uma reflexão sobre o tempo, a música e a montagem.

O Roteiro de Salve-se quem puder (a vida) inaugura uma série de trabalhos em vídeo que Godard realiza nos anos 1980, ora como rascunhos ora como desdobramentos dos seus longas ficcionais. De todos, esse é aquele em que o caráter processual e preparatório do vídeo, ou seja, sua dependência em relação ao longa, é a um só tempo mais evidente e mais revelador. Longe porém de diminuir sua importância, essa situação intermediária faz dele um documento extraordinário do processo de criação de Godard – documento cujo evidente hermetismo não esconde também, no fundo, uma vontade sincera de se comunicar.

O filme consiste num conjunto de “começos de imagens, de embriões”, segundo o próprio diretor: planos de paisagens, pesquisas, registros documentais, pinturas, ensaios, e as fotos dos três atores principais, Isabelle Huppert, Jacques Dutronc e Miou-Miou (que Nathalie Baye substituiria depois). A partir do livre encadeamento e da sobreposição desses elementos, Godard esboça as primeiras ideias sobre seus personagens, anunciando também as linhas narrativas do futuro filme. Mais tarde, com a ajuda de Jean-Claude Carrière, ele voltaria a esse vídeo-roteiro para desenvolver o argumento definitivo de Salve-se quem puder (a vida).

Servindo assim como um ensaio preparatório para o longa, esse curta fornece um retrato admirável do pensamento de Godard e, mais ainda, do seu método de raciocínio, resultante de um jogo intrincado entre os conteúdos e as formas. Ao invés de um argumento tradicional, ele desenvolve uma espécie de teatro de conceitos e imagens, seus personagens parecendo surgir mais como forças do mundo e da linguagem do que propriamente como seres humanos dotados de interioridade (daí talvez a homenagem à escritora Marguerite Duras no longa).

É assim, por exemplo, que o vemos falar do surgimento da narrativa do filme como a consequência de um desejo de “escrever na vertical”, de ver as coisas subirem à superfície, e também da vontade de escrever por imagens, como nos ideogramas japoneses e chineses. Da mesma maneira, Godard sugere que a personagem de Denise “mergulha na direção oposta à do sentido da escrita” enquanto a personagem de Isabelle, ao contrário, “vem da noite e se aproxima da superfície, procurando o dia”, “seguindo o mesmo sentido do movimento da escrita”.

Além das ideias sobre os personagens, Godard desenvolve uma reflexão sobre o que chama de “formas de ver”, ou “formas de inscrever o tempo na imagem”, anunciando um dos mais notáveis recursos formais de Salve-se quem puder, a desaceleração: “desacelerar – diz ele – para ver se há algo a ver; para saber se algo pode modificar a linha da história”. Godard sintetiza assim a essência do gesto moderno, herdado de Rossellini quase trinta anos antes, e ressignificado agora pela presença do vídeo: mais do que entender a narrativa como uma “cadeia de eventos” ou uma “linha de montagem”, é preciso fazer dela o pretexto para uma investigação mais profunda e “vertical” – a investigação de um corpo, da emergência de um gesto, das múltiplas possibilidades que se abrem no lento desenrolar de uma ação.

João Dumans



Produção

Apoio

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Copatrocínio

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