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Parisienne People

Suíça, 1992, cor, 35mm, 45”



Sentado ao pé da escada rolante de um centro comercial, um homem lê um romance intitulado Parisienne People, à espera de um isqueiro. Outro homem anda descalço pelo chão repleto de embalagens do cigarro Parisienne, enquanto um skatista ziguezagueia entre caixas do mesmo cigarro de tamanho gigante.

Godard sempre teve um enorme interesse pelos signos da publicidade – logomarcas, slogans, outdoors, fotos, letreiros, enfim, todo o imaginário produzido pela propaganda. Basta ver a reincidência desses signos em filmes como Une femme mariée (1964), Pierrot le fou (1965) ou Duas ou três coisas que sei dela (1966). Tal interesse ultrapassa em muito a necessidade de criticar o mundo vendido pela publicidade: há, antes de tudo, um interesse estético, uma vontade de entender a plástica, o design, o repertório de figuras icônicas desse imaginário que coloniza o espaço social. Godard foi um dos primeiros artistas a tentar deslocar a imagem publicitária e produzir algo novo utilizando, todavia, a mesma textura, a mesma cor, a mesma matéria de que ela é feita. Não é de espantar, portanto, que ele tenha se arriscado por vezes na própria publicidade, como fez ao aceitar a encomenda de um comercial que a marca de cigarros Parisienne propôs, nos anos 1990, a vários cineastas de renome (como David Lynch, Emir Kusturika, Roman Polanski e os irmãos Coen, que também contribuíram para a campanha).

Apesar de despojada e vivaz (era um comercial), a vinheta de Godard e Miéville tem algo de perturbador. As imagens são acompanhadas por um trecho de Bérénice, de Racine, lido em over pela voz cavernosa de Godard. Certa morbidez se instala. As propagandas de cigarro costumavam exaltar o glamour, o charme, a distinção de quem fumava a marca em questão. Ou, numa chave mais esportiva, o espírito de aventura, a energia jovem, a descoberta do mundo. Nas oito tomadas que constituem Parisienne People, nada disso comparece da maneira esperada. Há até referência a um esporte radical (o rapaz andando de skate), o que era um lugar-comum dos comerciais de cigarro, mas, aqui, ele desvia de caixas que são réplicas gigantes da embalagem do Parisienne, objetos que poderiam estar numa exposição de pop art ao lado das sopas Campbell de Andy Warhol. Assim encenada, a propaganda da marca já traz embutida uma crítica ao fetiche da mercadoria, numa típica dialética godardiana.

Luiz Carlos Oliveira Jr.



Produção

Apoio

Correalização

Copatrocínio

Realização


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É expressamente proibida a utilização comercial ou não das imagens aqui disponibilizadas sem a autorização dos detentores de direito de imagem, sob as penalidades da lei. Essas imagens são provenientes do livro-catálogo "Godard inteiro ou o mundo em pedaços" e tem como detentoras s seguintes produtoras/ distribuidoras/ instituições: La Cinémathèque Francaise, Films de la Pléiade, Gaumont, Imovision, Latinstock, Marithé + Francois Girbaud, Magnum, Peripheria, Scala e Tamasa. A organização da mostra lamenta profundamente se, apesar de nossos esforços, porventura houver omissões à listagem anterior.
Comprometemo-nos a repara tais incidentes.

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