França, 1967, cor, 35 mm, 20’
Um viajante chega à Terra e quer experimentar o amor. O governo, que controla a prostituição, envia-lhe uma garota, que ele recusa, pois ela se entrega muda, o que não o excita. Outra garota se nega a tirar a roupa, mas recita poemas. Assim, eles redescobrem uma forma subversiva do amor, o beijo.
Bem antes de a prostituição figurar como situação central em Viver a vida (1962),ou incidental em Alphaville (1965), Masculino, feminino (1966), Duas ou três coisas que eu sei dela (1966), A chinesa (1967) e Salve-se quem puder (a vida) (1979), a comercialização do corpo feminino como paradigma das relações de trabalho já ocupava a atenção de Godard no curta Une femme coquette, de 1956.
Ao analisar a reincidência do tema, Antoine de Baecque observa na biografia Godard que “não se pode viver em sociedade sem se prostituir de alguma maneira, seja vendendo sua força de trabalho a um patrão (o que vale também para um cineasta face a seu produtor) ou quando uma atriz representa para seu diretor, mesmo que se trate de seu marido (seu cafetão), que depois a ‘vende’ em todas as telas aos espectadores”.
Nada surpreende, portanto, que Godard se interesse pelo futuro da prostituição, agora sob o controle estatal, em seu esquete de O amor através dos séculos, cujo título original refere-se à mais antiga profissão. Se o amor físico oferecido pela primeira profissional é recusado pelo viajante intergaláctico porque, como ele alega em seu diálogo gaguejante, ela “nãof... ala”, o amor sentimental – mistura de linguagem e felicidade, união da fala e do prazer no órgão único da boca – é proibido pela voz-controle que se sobrepõe à cena e interrompe o gozo.
Anna Karina, em seu último papel em um filme de Godard, interpreta a prostituta que não se despe, postura que reproduz uma decisão tomada pela atriz em seu primeiro contato pessoal com Godard e que o impediu de tê-la em um pequeno papel em Acossado (1959). Em um último gesto de despedida, Godard submete a ex-mulher e musa a uma cena obscena, lançando jatos de spray d’água na boca dela, em um instante que mistura lascívia e sujeição. Ali, é impossível distinguir onde termina o cineasta e onde começa o cafetão.
Cássio Starling Carlos
Produção
Apoio
Correalização
Copatrocínio
Realização
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