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Deux fois cinquante ans de cinema français

(Duas vezes cinquenta anos de cinema francês)

Grã-Bretanha, 1995, cor & p/b, vídeo, 49’ (co-dir. : Anne-Marie Miéville)



No episódio francês da série patrocinada pelo BFI (British Film Institute) em comemoração ao centenário do cinema, reunindo cinematografias de diversos países e regiões, Jean-Luc Godard convoca o ator Michel Piccoli para colocar em discussão tanto o passado quanto o presente do cinema.

O que significa “celebrar”? O que está sendo celebrado? Jean-Luc Godard e Anne-Marie Miéville desmontam e desnaturalizam os próprios conceitos sobre os quais se assentam as comemorações do centenário do cinema. Em vez de entregar ao BFI um filme histórico e celebratório, os diretores apresentam um rigoroso ensaio historiográfico.

Em Deux fois cinquante ans de cinéma français, a discussão historiográfica dá o tom desde o início, na conversa entre Godard e o ator Michel Piccoli, então presidente da Association du Premier Siècle du Cinéma, responsável pelas comemorações do centenário do cinema na França. Por meio desse quase interrogatório, Godard desvela as implicações ideológicas da comemoração, que toma como ponto de partida a primeira sessão paga e pública promovida pelos irmãos Lumière. Celebra-se, portanto, o comércio cinematográfico, não a produção ou a fabricação de uma câmera. Estas e outras escolhas embasam o discurso oficial não só sobre o passado do cinema como também, e talvez sobretudo, sobre seu presente. Por que a celebração? O cinema não é célebre o suficiente? Ou não mais? As provocações lançadas por Godard desembocam na constatação: ninguém se lembra mais.

O esquecimento sobre a história do cinema francês, tornado coadjuvante no panorama cinematográfico atual, é o mote que irá conduzir a segunda parte do filme, na qual Piccoli contracena com jovens funcionários do hotel em que está hospedado. A todos lança nomes de artistas, diretores e filmes franceses, desconhecidos por seus interlocutores, que em contrapartida citam filmes e artistas contemporâneos do cinema norte-americano, como Arnold Schwarzenegger e Pulp fiction. Há um tom quase burlesco nessas encenações dos jovens personagens, ao mesmo tempo em que se destila melancolia diante desse processo de esquecimento voraz e ostensivo. E mesmo Piccoli, um dos atores mais conhecidos e prestigiados do cinema francês, parece se perguntar até quando ele próprio será lembrado.

Esse média-metragem é realizado em meio ao período de elaboração por Godard da série Histoire(s) du cinema (1988-1998), constituída por oito episódios produzidos entre 1988 e 1998, e com ela compartilha questões, obsessões e procedimentos. A ênfase na memória é central nos dois trabalhos, nos quais a história do cinema se entrelaça com a história do século XX e com a produção artística e literária de diferentes períodos. Formalmente, a estratégia de colagem domina as duas obras, em uma sucessão de trechos de filmes, músicas, diálogos, fotografias, quadros, textos lidos e/ou superpostos às imagens, fusões, recortes, que provocam a todo momento o espectador para desvendar sentidos – e também inventá-los.

Enquanto os fragmentos fílmicos se concentram no período que vai do cinema dos primeiros tempos até meados do século XX, o cinema moderno do qual o próprio Godard faz parte não será tratado por meio de filmes, mas inserido no fluxo do pensamento cinematográfico, no exercício da crítica da imagem, compreendidos de forma ampla o suficiente para atravessar os séculos e abarcar do filósofo Diderot ao crítico Serge Daney. Nessa terceira e última parte de Deux fois, os últimos cinquenta anos do cinema francês surgem por meio dos rostos e das palavras (impressas e lidas) de críticos e críticos-realizadores como André Bazin, François Truffaut, Jacques Rivette, Maurice Schérer/Éric Rohmer.

Na primeira imagem em movimento do filme, que se segue à reprodução da carta-convite do BFI aos diretores, uma personagem feminina, talvez enferma, entra em convulsão e desmaia diante de uma tela de projeção em branco. Na última imagem, que vem até mesmo depois da palavra “Fin”, surge em primeiríssimo plano o rosto de Henri Langlois, um dos fundadores da Cinemateca Francesa, figura emblemática que condensa tanto o conceito quanto a prática da memória cinematográfica. Mais do que celebrar, é preciso preservar e conhecer imagens, sons e textos, escapando assim ao colapso diante da tela em branco.

Luciana Corrêa de Araújo



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Apoio

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