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On s’est tous défilé (Todos desfilamos / nos esquivamos)

França, 1987, cor, vídeo, 13’



Breve estudo sobre a superfície sensível do corpo a partir de imagens relacionadas a um desfile de moda suíço. Pintura, dança, teatro de rua e música se conectam pela criteriosa leitura das Divagations de Mallarmé, tornando este vídeo-poema uma espécie singular de manifesto audiovisual simbolista.

Apostando na desconstrução de sentidos já no primeiro quadro deste On s’est tous défilé, Godard é rápido em instaurar e virar ao avesso toda a memória de um escritor que talvez seja a mais próxima identidade do cineasta no domínio literário. Se considerarmos o gênio de Mallarmé diante da página em branco, assim como seu deslumbramento pelas tecnologias tipográficas e a abertura criativa que não hierarquiza as palavras, mas lida com elas em pé de igualdade e extrema curiosidade, em constante estado de invenção, rapidamente perceberemos que Godard não deixa de atualizar para o vídeo diversas questões colocadas pelo simbolista no final do séc. XIX, em seu particular tratamento semântico da imagem e do som.

A substituição operada na abertura do filme sobre o verso mais emblemático do poeta (troca-se o acaso que jamais será abolido por um lance de dados por outro que sempre se abalará) logo ultrapassa o nível linguístico para ecoar em planos e enquadramentos originalmente publicitários, ou de finalidades quaisquer, que agora encarnam – ilustrar seria pouco – uma troca mais plena de corpos da linguagem. Movimentos se dilatando, refrãos melódicos se intercalando, oratória poética do próprio Godard minando a inusitada colagem de cenas e gestos que já não guardam referente alheio ao que simplesmente toca as imagens, oferta-se aqui um curta que não poderia estar mais bem encaixado na filmografia de seu autor, senão no pródigo ano de 1988, ponto de virada, recomeço ensaiado nos oito anos precedentes. É significativo voltar um século para localizar em Mallarmé alguém que já compunha suas Histoire(s) (1988-1998), seu eterno “livro por vir” que Maurice Blanchot tão bem batizou ante a impossibilidade de finalização. Não há imagem que Godard finalize, não há tela que deixe de permanecer branca em suas mãos e olhar. Neste sentido, On s’est tous défilé é o apagamento, a limpeza de página, o canto de anunciação que perpetua a espera do “filme por vir”.

Fernando Mendonça



Produção

Apoio

Correalização

Copatrocínio

Realização


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