Portal Brasileiro de Cinema  A freira e a tortura

A freira e a tortura

Eu peguei O milagre da cela do Jorge Andrade. Eu acho um monte de besteira, tanto que quando eu lia a peça que me deram pra adaptar eu pensei: “Como é que um cara faz Vereda da salvação e faz uma merda dessa, não é possível”. O cara deve ser lá meio direitão, meio conservador, ficou entusiasmado com essa coisa de liberação sexual e não sabe lidar com ela.

Tem lá as minhas metáforas no A freira e a tortura, como quando a freira chega, joga a roupa toda ali na cova do delegado, os dois se encontram pelados e saem. Isso quer dizer na verdade que todo mundo é mais ou menos alguma coisa que não é bem aquilo que eles vem desempenhando na sociedade: um cara é delegado e tem que fazer aquilo, a mulher é freira e tem que fazer aquilo. Agora, livres dessa obrigação, eles podem ser outra coisa e isso são pontos de vista bem meus.

Nunca ninguém escreveu sobre o filme. Que eu saiba, ninguém escreveu dela, mas isso é um problema do David, a crítica detesta o David e mesmo na Caçada sangrenta só quem escreveu foi o Renato Petri. Não sei o que ele tem, ninguém suporta o David. Não é a fita, é o David, nunca escreveram nada dele. Se tiver é matéria paga, tem muita coisa que é matéria paga. Eu fiz dois filmes para ele e sempre dos meus filmes alguém fala bem ou mal, mas desses nunca.