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HISTÓRIA DA ARTE NO BRASIL

Não-ficção, 1979, Cor, 21 episódios de 30 min

assista a um trecho

 

Série documentária sobre aspectos importantes das artes no Brasil.

Na mesma época em que dirige Aopção ou As rosas da estrada (1981), Ozualdo Candeias envolve-se num projeto de proposta bem diversa – o que deixa evidente sua desenvoltura no trato com diferentes funções, veículos e esquemas de produção. Longe da postura autoral de seus filmes, ele toma parte da realização de História da arte no Brasil, série da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo, produzida pela TV Cultura. São 21 programas que traçam a trajetória das artes plásticas e da arquitetura brasileira desde a arte indígena até produções dos anos 1960.

A preocupação didática orienta toda a concepção da série. Imagens de igrejas, pinturas, construções, esculturas etc. se sucedem, costuradas por uma voz over, impessoal que desfia informações e datas. Há também a presença do crítico de arte Pedro Manuel, que analisa em detalhes algumas obras. O programa segue uma estrutura bastante fechada e convencional, daí se conseguir identificar pouco possíveis concepções trabalhadas por Candeias, que colaborou em quase todos os episódios, seja assinando a direção, filmagem e fotografia (onze programas), seja integrando a equipe de cinegrafistas (sete programas). No trabalho de câmera há uma profusão de zooms, que acabam por criar uma curiosa convivência: remetem a um procedimento comum nos documentários tradicionais da época e ao mesmo tempo se aproximam do estilo desenvolvido por Candeias em seus filmes – alguns fotografados por ele próprio.

Com abordagem das mais tradicionais, a série evita conflitos e rupturas que ainda não tinham sido devidamente absorvidos. Pára nos anos 60, quando poderia ter avançado até a produção contemporânea à realização do programa, arriscando leituras menos cristalizadas. A realização de Aopção parece ser o contraponto necessário à série. Ao discurso oficial e domesticado do programa, Candeias responde com a modernidade de seu cinema, que surge e se consolida nas décadas de 60 e 70, justamente o período que os programas pouco abordam ou simplesmente ignoram. No filme, ele percorre alguns dos mesmos estados dos quais a série mostra consagradas obras de arte. Só que dessa vez sua câmera escapa da visão oficial para mostrar uma outra arte e um outro Brasil nessa história.

Luciana Corrêa de Araújo

Direção e Fotografia: Ozualdo R. Candeias. [Nos seguintes episódios: 1. Aleijadinho, o profeta – 2. Os ventos não mudam – 3. O apostolado das imagens – 4. O ideal de um príncipe: sonho e realidade – 5. Na trilha das mulas – 6. Os santos deixam de voar – 7. Uma corte nos trópicos – 8. Um amor transforma Belém – 9. O sino do povo e as dimensões da morada – 10. O dossel nas alturas – 11. Um rasgo no teto das igrejas]

Direção de TV: Antônio Pires [Episódios 1 e 2], Reginaldo Figueiredo [Episódios 3, 5, 6, 7 e 8], J. Franco [Episódios 4 e 11] e Emílio Rodrigues [Episódios: 9 em 10]

Roteiro: Palma Travassos [Episódios 1 a 11]

Produção: Dan La Laina Sene [Episódios 1, 2, 5, 6, 7 e 10] e Zita Bressane [Episódios 3, 4, 8, 9 e 11]

Coordenação geral: Walter George Durst [Episódios 1 a 11]

Cia. produtora: TV Cultura e Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo.