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A VISITA DO VELHO SENHOR

Ficção, 1976, 35 mm, P&B, 13 min

Adaptação do conto gráfico de Poty Lazzarotto que narra a visita de um homem a uma prostituta. Durante a visita, o homem tortura a mulher.

Experimentação em estado puro, A visita do velho senhor faz parte dos filmes “subterrâneos” de Candeias. Juntamente com Candinho e Zézero, circulou em esquemas paralelos à censura. Chegou a ser mandado para a Jornada de Cinema da Bahia de 1976, onde foi cogitado para uma premiação, mas acabou proibido de ser exibido sob o risco de cancelamento de todo o festival.

O roteiro, elaborado a partir de oito desenhos do artista plástico curitibano Poty Lazzarotto que compunham um conto gráfico, revela uma sensualidade crua e despojada de enfeites. O curta apresenta esses desenhos juntamente com os letreiros, para em seguida mostrar a leitura fotográfica de Candeias e a utilização deles na composição das cenas. Com apenas dois importantes atores do teatro paranaense, o filme apresenta a visita de um homem a uma mulher num quarto de hotel. Pelo tratamento dado por Candeias a esse encontro, podemos estabelecer uma aproximação ao universo dos contos de Dalton Trevisan, notada na sordidez da temática, no sentimento de vazio e repetição. O estilo de Candeias, baseado numa economia de construção narrativa e composição das cenas, permite ressaltar estilisticamente essa aproximação – é curioso lembrar que Lazzarotto foi colaborador gráfico de Trevisan em várias publicações.

 

A voz em off, principalmente aquela sobre as imagens iniciais da mulher, feita a partir de uma sucessão de músicas adaptadas, exacerba o clima sórdido da cena. As aproximações da câmera e a atenção reservada aos olhares trocados pelos personagens, reforçam de modo fantástico o mutismo da relação dos dois e trabalham a cumplicidade presente no encontro.

Alessandro Gamo

Direção, roteiro, fotografia e montagem: Ozualdo Candeias.

Produção: Valêncio Xavier.

Cia. produtora: Fundação Cultural de Curitiba.

Elenco: José Maria Santos e Marlene Araújo.