Portal Brasileiro de Cinema  Eliseo Fernandes

Eliseo Fernandes

 

Fiz o seminário de cinema no Museu de Arte de São Paulo e o indiquei para Candeias, mas quando ele entrou eu já havia terminado. Nessa época, eu gostava mais de direção, roteiro e argumento do que de fotografia. Eu já filmava em 16 mm, na Saturno, pertencente ao Vituzzo, que só fazia casamento, batizado e festinhas de aniversário; havia também o Fausto Macedo (não me lembro se o nome era esse), que tinha um programa de turfe na TV Paulista. Depois do seminário, fiquei um ano na Musa Filmes e então fui para Maristela, trabalhar em Simão, o caolho.

Trabalhei com Candeias em Poços de Caldas (ele dirigiu e eu fotografei); depois fizemos Casas André Luiz, outro documentário, produzido por Virgílio Nascimento, que eu já conhecia, pois fotografei seu filme A verdade vem do alto. A margem foi o melhor filme de Candeias. Era para eu ter fotografado, mas quem o fez foi o Belarmino Manccini, que estava estreando. A fotografia ficou muito boa.

Um dia eu estava num hotel em Santa Cecília e Candeias me chamou para fazer A freira e a tortura. Ele disse: “Poxa! Para que você vai pagar o hotel, se você pode ficar uns dois meses fazendo filme no interior, e ainda ganhando?”. Ficamos alojados numa cadeia antiga, que é o cenário do filme. O Candeias dirigiu e fez a fotografia, eu só fiz a câmera. Em As bellas da Billings também só fiz a câmera, ele fez fotografia e direção.

O Candeias para se vestir é uma beleza. Uma perna da calça é mais curta que a outra e ele joga um camisão. Aí um cara da Boca falou: “O Candeias se fantasia de mendigo”. Ele gosta de ser original, uma perna da calça mais curta que a outra...