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AMÉRICA DO SUL

Não-ficção, 1965, vídeo, P&B/Cor, 30 min

assista a um trecho
 

 

 

 

 

 

Quatro filmes: o primeiro documenta Santana de Yacuma; o segundo é dedicado aos índios Guarani, do Paraguai. Os outros dois são: um sobre o Carnaval de Puno e outro sobre o lago Titicaca, apenas com a intenção de mero registro. Há um vídeo de Valêncio Xavier no qual Candeias comenta cada um desses filmes.

 

Em 1965, Ozualdo Candeias partiu por boa parte da América do Sul como empregado de contabilidade de alguns projetos cinematográficos. Com umas latas de filme e uma câmera, registrou o que via de interessante na paisagem, nomeadamente os aborígenes e suas condições de vida. Esses filmes jamais foram absolutamente acabados.

Permaneceram inéditos, sem nenhuma espécie de exibição, até que Valêncio Xavier, grande admirador de Candeias, soube da existência desse material e decidiu exibi-lo da forma que fosse possível. A solução: passar os filminhos, mesmo não concluídos e sem som, como um especial de televisão, e, já que o formato televisivo impede o vazio sonoro, colocar o diretor como comentador de seus filmes. O resultado é semelhante ao procedimento típico dos DVDs, onde se pode ouvir os diretores falando sobre suas realizações e as peculiaridades das filmagens.

São quatro filminhos: o primeiro tem como objeto de documentação Santana de Yacuma; o segundo é dedicado aos Guarani, do Paraguai, ou pelo menos ao que restou deles. Os outros dois são um sobre o Carnaval de Puno, razoavelmente bem feito, e outro sobre o lago Titicaca, apenas montado e sem nenhuma intenção maior a não ser o mero registro, segundo o próprio diretor.

Se o mundo ideal de Candeias é o mundo pré-civilizado, é mais porque o inferno deriva diretamente da natureza, da luta de permanecer vivo diante das intempéries, do que dos poderes de exclusão social da civilização. Natural, o inferno torna-se absoluto, inescapável. E as chances de sobrevivência, sempre mais sublimes. Pois Candeias é, mais que tudo, um cineasta da sobrevivência.

Ruy Gardnier

Moçada da região de Trujillo no norte do Perú que se diverte com as ondas do Pacífico fazendo “jacaré” com seus caballitos de Totóra. Talvez estes caballitos venham a ser os avós da prancha de surf.