Portal Brasileiro de Cinema  POLÍCIA FEMININA

POLÍCIA FEMININA

Não-ficção, 1960, 35 mm, P&B, 10 min

 
 

Documentário que apresenta, em tom dramático, as atividades da polícia feminina.

Chamam Candeias de “primitivo”, ora para explicar sua estética originalíssima, que não se enquadra no gosto médio dos críticos e intelectuais brasileiros, ora para explicitar o caminho do cineasta por uma linguagem que foge aos cânones do que está estabelecido como “cinema bem-feito”. Mas se a estética é original, não pode nunca ser primitiva e sim primeira, como as que abrem um novo espaço dentro do pensamento cinematográfico. E se sua linguagem contradiz as regras e padrões do cinema, ela não é primitiva e sim moderna.

 

Chamam Candeias de “primitivo” com a mesma displicência com que chamam certos artistas plásticos de naïf, termo que muitas vezes serve para indicar o suposto desconhecimento da técnica por esses artistas, mas que resulta em uma obra que possui certa força estética.

 

Chamam Candeias de “primitivo” não por desconhecerem a técnica que está por trás do seu cinema, mas sim por ignorarem as opções e a trajetória do cineasta.

Chamam Candeias de “primitivo” por desconhecerem seus primeiros documentários, principalmente Polícia feminina. Nesse filme sobre o papel da recente corporação, Candeias não descuida da luz, do campo e contracampo e de uma montagem mais bem comportada, em se tratando do cineasta. Tudo está a favor de um cinema mais clássico, muito diferente do que encontraremos depois em sua obra. Sentimos nesse pequeno documentário não um ensaio para o caminho formal que seu cinema irá tomar a partir da metade dos anos 60, mas sim um estudo para melhor captar a realidade. Tema tão caro e indissociável de sua obra.

Chamam Candeias de “primitivo”, mas eu prefiro chamá-lo de mestre.

Vitor Angelo

Direção, roteiro e produção: Ozualdo R. Candeias.

Fotografia: Antônio Shmit.

Montagem: Máximo Barro.

Cia. produtora: Governo do Estado de São Paulo.

Elenco: Irene Kramer, Gilda Koeller, Dagmar de Oliveira, Waldir Galdi, José Pinheiro e Renato Alrean.